Osteologia e miologia cranianas de Eurypyga helias (Pallas, 1781) (Gruiformes: Eurypygidae) comparada com outros Gruiformes
Resumo
O estudo da osteologia e da miologia do pavãozinho-do-pará pode dar uma idéia da possível relação entre os Eurypygidae e os demais Gruiformes. A análise foi realizada com base em 66 espécimes de aves pertencentes às famílias Aramidae (Aramus guarauna), Psophiidae (Psophia crepitans, Psophia leucoptera, Psophia viridis, Psophia viridis obscura), Rallidae (Laterallus exilis, Gallinula martinica), Heliornithidae (Heliornis fulica) e Eurypygidae (Eurypyga helias). As descrições osteológicas e miológicas detalhadas da espécie Eurypyga helias foram utilizadas como referencial para as comparações das diversas estruturas anatômicas com as espécies acima mencionadas. Quanto às estruturas osteológicas cranianas, os resultados mostraram que foi possível relacionar Eurypygidae aos demais grupos de Gruiformes, por meio das seguintes características comuns: palato esquizognato, ausência da sutura frontonasal, ausência do septo nasal, e pars symphysialis mandibulae com cerca de 1/5 do comprimento total do crânio. As características da osteologia craniana exclusivas de E. helias são: porção rostral do rostro paraesfenóide reduzida; processo descendente do lacrimal trifurcado; osso ectetmóide vestigial; processo paraoccipital mais desenvolvido; ausência da fossa subcondilar; processo maxilopalatino bem desenvolvido e em forma de ampola; processo dorsal do pterigóide bem desenvolvido; e o capitulum oticum duas vezes mais desenvolvido que o capitulum squamosum. E. helias compartilha com A. guarauna (Aramidae) a forma semelhante da mandíbula e do processo maxilopalatino, processos maxilar e frontal do nasal não fundidos entre si e rostroparaesfernóide relativamente curto. Quanto à musculatura que movimenta as maxilas, constatou-se uma relativa similaridade entre E. helias e G. martinica (Rallidae). De uma forma geral, a complexidade da musculatura craniana de E. helias em termos estruturais é intermediária entre P. viridis (mais complexa) e G. martinica (menos complexa). Os dados apresentados tornaram possível aproximar Eurypygidae e Aramidae, com base nas semelhanças observadas, embora não se possa afirmar neste trabalho se tais semelhanças refletem parentesco (sinapomorfias) entre estes dois grupos. Em suma, torna-se necessário uma investigação morfológica mais acurada, bem como estudos sistemáticos complementares da ordem Gruiformes para que seja possível inferir com mais segurança qualquer relacionamento entre os grupos que a compõem.
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