As florestas de Belo Monte na grande curva do rio Xingu, Amazônia Oriental

  • Rafael de Paiva Salomão Museu Paraense Emílio Goeldi
  • Ima Célia Guimarães Vieira Museu Paraense Emílio Goeldi
  • Chieno Suemitsu Universidade Federal do Pará
  • Nélson de Araújo Rosa Museu Paraense Emílio Goeldi
  • Samuel Soares de Almeida Museu Paraense Emílio Goeldi
  • Dário Dantas do Amaral Museu Paraense Emílio Goeldi
  • Moirah Paula Machado de Menezes Universidade Federal do Pará
Palavras-chave: Floresta pluvial tropical, Florística, Estrutura, Belo Monte, Fitofisionomia, Etnobotânica

Resumo

No intuito de se caracterizar a flora da região de Belo Monte ou Volta Grande do Xingu, efetuou-se uma análise da florística, fitossociologia, estrutura e etnobotânica nas fitofisionomias florestais na área de estudo que inclui os territórios de Altamira, Anapu, Senador José Porfírio e Vitória do Xingu, nas mesorregiões do baixo e médio Xingu, no estado do Pará. Nas quatro fitofisionomias florestais majoritárias (floresta ombrófila densa, floresta ombrófila aluvial, floresta ombrófila aberta com palmeira, floresta ombrófila aberta com cipó e palmeira), foram lançadas parcelas de estudos que abrangeram uma área total de 24,3 ha. Foram amostrados indivíduos em três categorias de diâmetros minímos de inclusão: DAP ≥ a 5, 10 e 30 cm. Registrou-se um total de 13.790 indivíduos compreendendo 662 espécies, distribuídas em 65 famílias botânicas. Comparando-se as fitofisionomias estudadas, concluiu-se que a floresta ombrófila densa tem a maior riqueza de espécies (433), seguindo-se a floresta ombrófila aberta com cipó e palmeira (264), a floresta ombrófila aluvial (203) e a floresta ombrófila aberta com palmeira (140). Com relação às espécies raras, a floresta ombrófila densa apresentou o maior número (141), em contraposição à floresta ombrófila aberta com palmeira, que apresentou o menor (63). Caesalpiniaceae foi a família que apresentou o maior índice de valor de importância (IVIF) e de cobertura (IVCF) em todas as fitofisionomias estudadas, à exceção da floresta ombrófila aberta com cipó e palmeira (Lecythidaceae). Alexa grandiflora e Voucapoua americana foram as espécies de maiores índices (IVI e IVC) em todas as fitofisionomias estudadas, exceto na floresta ombrófila aluvial (Pterocarpus amazonicus e Molia luscens). Estimou-se para todos os ecossistemas analisados um total de 92,68 km2 de cobertura florestal em toda a área de estudo. Estimou-se para esta área uma abundância total de 403.069.870 árvores com DAP ≥ 10 cm, volume total de madeira de 196.276.924 m3 e uma biomassa aérea viva de 198.503.191 t. Foram identificadas algumas espécies florestais de grande interesse para os programas de conservação da flora, como uma espécie arbórea praticamente extinta nas áreas onde é possível a penetração humana, o 'pau cravo' (Dicypellium caryophyllatum), uma Lauraceae muito cobiçada pela indústria perfumista; e uma outra espécie de difícil ocorrência (Sagotia brachysepala), uma Euphorbiaceae de dispersão muito restrita.

Publicado
2007-12-17
Como Citar
Salomão, R., Vieira, I. C., Suemitsu, C., Rosa, N., Almeida, S., Amaral, D., & Menezes, M. P. (2007). As florestas de Belo Monte na grande curva do rio Xingu, Amazônia Oriental. Boletim Do Museu Paraense Emílio Goeldi - Ciências Naturais, 2(3), 57-153. https://doi.org/10.46357/bcnaturais.v2i3.696

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