Similaridade de espécies arbóreas em função da distância em uma floresta ombrófila na Floresta Nacional de Saracá-Taquera, Pará

  • Leandro Valle Ferreira Museu Paraense Emílio Goeldi
  • Rafael de Paiva Salomão Museu Paraense Emílio Goeldi
  • Darley Calderaro Leal Matos Museu Paraense Emílio Goeldi
  • Jorge Luis Gavina Pereira Museu Paraense Emílio Goeldi
Palavras-chave: Amazônia, Distância, Espécies raras, Similaridade de espécies

Resumo

A distribuição de espécies é uma questão complexa. Atualmente, existem dois principais modelos usados para explicar essa distribuição: a Teoria da Neutralidade e a Teoria de Nicho. A primeira prediz que a coexistência de espécies é resultado de um equilíbrio entre imigração e extinção, enquanto a segunda prediz que os recursos naturais são utilizados diferencialmente entre as espécies. Estudos realizados em regiões tropicais têm demonstrado que a similaridade de espécies diminui com a distância geográfica. Contudo, poucos estudos foram realizados comparando a similaridade de espécies em relação à distância geográfica, em escala local, onde outras variáveis, como topografia, altitude e tipo de solo não variam. O objetivo deste estudo é testar se existem diferenças na similaridade de espécies em relação à distância geográfica entre parcelas, em um platô de 1.500 hectares recoberto por uma floresta ombrófila densa, na Floresta Nacional Sacará-Taquera, estado do Pará. Neste local, foram distribuídas 179 parcelas de 10 x 250 metros, cobrindo a superfície total do platô. A distância entre as parcelas variou de 200 metros a 9 quilômetros. Nas 179 parcelas amostradas foram identificadas 631 espécies. A curva cumulativa de espécies apresentou uma nítida tendência assíntota. As estimativas de riqueza de espécies, utilizando os estimadores de riqueza Jackknife 1 e 2, foram de 720 e 733 espécies, respectivamente. A maioria das espécies apresentou baixa frequência absoluta nas parcelas amostradas, um padrão típico para a floresta amazônica; do total de 631 espécies, 442 (70% do total) ocorreram em menos de 10% do total das parcelas. Houve uma correlação negativa entre a similaridade de espécies e a distância geográfica das parcelas no platô. Os menores índices de similaridade de Sörensen, variando de 13% a 19%, foram obtidos entre parcelas a distâncias médias de nove quilômetros entre si, enquanto os maiores índices de similaridade, variando de 50% a 62%, foram obtidos a distâncias menores do que um quilômetro entre si. Este estudo corrobora parcialmente a Teoria da Neutralidade, na qual a similaridade entre espécies diminui com a distância geográfica. Contudo, o valor da correlação obtida entre similaridade e distância geográfica (r = -0.44) indica que outros fatores influenciam esta diferenciação, mostrando que a similaridade de espécies em regiões tropicais pode ser explicada por outros fatores, biótica e abiótica, além da distância.

Publicado
2011-12-19
Como Citar
Ferreira, L., Salomão, R., Matos, D., & Pereira, J. L. (2011). Similaridade de espécies arbóreas em função da distância em uma floresta ombrófila na Floresta Nacional de Saracá-Taquera, Pará. Boletim Do Museu Paraense Emílio Goeldi - Ciências Naturais, 6(3), 295-306. https://doi.org/10.46357/bcnaturais.v6i3.611

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