Geoambientes, solos e estoques de carbono na Serra Sul de Carajás, Pará, Brasil
Resumo
A descoberta de jazidas minerais na Serra dos Carajás, a partir da década de 1960, despertou grande interesse pela região, resultando em pesquisas voltadas à exploração econômica desses recursos. Entretanto, pouco se conhece acerca dos geoambientes locais em escala adequada, dificultando medidas para sua conservação. O objetivo deste trabalho foi caracterizar os principais solos e geoambientes associados na Serra Sul quanto aos aspectos morfológicos, físicos e químicos, visando aprofundar o conhecimento pedológico e dar suporte às atividades de recuperação e restauração de áreas degradadas pela mineração, bem como ao Plano de Manejo da Floresta Nacional de Carajás. Foram definidos quatro geoambientes principais: encostas com campo rupestre sobre canga ferrífera; encostas e grotas florestadas; depressões e patamares campestres mal drenados e lagos doliniformes. Os solos associados aos geoambientes foram: solos rasos com camada de canga contínua (horizonte litoplíntico); solos com caráter concrecionário e solos orgânicos ou húmicos. A interseção entre os solos e os geoambientes evidenciou um forte controle pedológico sobre as diferentes fitofisionomias nas áreas de canga da Serra Sul, sendo a profundidade do solo diretamente correlacionada ao porte da vegetação. A matéria orgânica dos solos é crucial na geração de cargas elétricas por capacidade de troca catiônica (CTC) e ciclagem de nutrientes. Valores muito elevados de carbono orgânico (faixa 54-124 kg m-2) foram detectados em buritizais e campos brejosos, revelando um destacado serviço ambiental nos platôs de Carajás. Recomenda-se que nas atividades de mineração o topsoil seja devidamente separado, para ser reutilizado na recuperação das áreas degradadas ou na recomposição dos solos. O continuum geoambiental observado na escala de estudo mostra que medidas de proteção a pontos ou zonas isoladas de um contexto ecológico que forma gradientes (ambientes de depressões ou cavidades) podem não significar uma proteção efetiva.
Copyright (c) 2021 Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi - Ciências Naturais
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